domingo, setembro 20, 2020

Geometria da vida

Nascemos numa página em branco. Com o passar dos primeiros anos, aprendemos a nos reconhecer e reconhecer também àqueles que nos deram a vida e todos que estão ao nosso redor. De "papai" e "mamãe" passamos a construções de frases simples com muitos erros de concordância, de fonética, mas aos tropeços e com ajuda constante e diária vamos aprendendo e naturalizando nossa primeira e única língua materna. Aquele pontinho à lápis na página em branco vai se tornando cada vez mais forte até ser substituído por um ponto feito à tinta, eternizado, permanente em nossas vidas. Deste ponto, expressamos nossas ideias, sentimentos e deveres. Podemos nos comunicar não mais apenas com nossas cordas vocais mas com letras e alfabetos numa possibilidade quase infinita de combinações.
 
Aos poucos vamos conhecendo melhor o mundo à nossa volta. Descobrimos que não somos os únicos e que a tal Torre de Babel é real, confusa mas com seus devidos acessos.

O fato de ter nascido num país que se curvava ao imperialismo de outro maior e dominante, preenchia meu imaginário com a promessa de um mundo perfeito ao ver os filmes hollywoodianos que marcaram minha infância e de criar a imagem de ídolos pop endeusados, inatingíveis e perfeitos, fazendo meu toca-fitas gastar rolos e mais rolos magnéticos ao repetir freneticamente as mesmas músicas e os mesmos anseios. Eu precisava aprender o inglês. Naquele ponto de minha infância/adolescência aquela seria a porta de entrada para tornar aqueles sonhos e anseios mais reais e próximos. Sonhava com um intercâmbio nas terras de Walt Disney e assim a língua estrangeira me fisgou. 

Naquela minha página em branco, que já estava representada por um ponto à tinta verde-amarela, agora havia espaço para um outro, feito à lápis mas que a cada ano ia ficando mais forte ao ponto de pintá-lo de azul e vermelho. Entendia que mais que um sonho adolescente, o inglês era minha porta de entrada para um outro mundo de histórias, jogos e estudos, principalmente com o advento da Internet e suas infinitas possibilidades de conteúdos e aprendizados.

Foi então que nasceu a primeira reta em minha folha de vida, ligando estas duas realidades tão distintas, que fiz questão de apropriar-me.

Já em fase adulta, realizei a contragosto em relação ao destino, minha primeira viagem internacional. Para minha decepção ao descobrir que ia para um país de língua espanhola ao invés do tão sonhado inglês que a este ponto já era praticamente fluente. Tinha uma aversão ao espanhol não sei porquê. Mas era o que dava no momento e partimos, eu e um grande amigo para Buenos Aires. O ano era 2004. Fui carregado de preconceitos com a língua e com o povo e para minha minha surpresa dei com a cara na parede. Aquele país que era motivo de tantas piadas me recebeu de braços abertos e a língua, ah.. o espanhol... foi amor à primeira ouvida. Jamás olvidada! Enquanto passeava ficava de orelhas e antenas ligadas para não perder uma conversa paralela. Era música em meus ouvidos. Naquele momento, eu sabia que estava pintando mais um ponto na minha folha da vida. Um terceiro ponto para triangular com os outros dois. E não foi diferente. Depois daquela experiência única, retornei mais de uma dezena de vezes àquela cidade dos sonhos e depois fui ganhando coragem para desbravar outras em outros países, todos falando em espanhol.  Assim aquele terceiro ponto finalmente foi pintado de amarelo e vermelho e então o triângulo estava feito. Empresta dali, pega daqui e minha própria torre de Babel estava sendo construída dentro de mim.

Muitos anos se passaram, quando resolvi retomar minhas origens. Não minhas propriamente ditas, mas de meus avós italianos. Outra língua sem graça que não me despertava desejos.

Aos poucos fui traçando minha história até então desconhecida por mim. A cada detalhe descoberto, a cada novo nome em minha árvore genealógica, minha curiosidade pela Itália e pelo italiano foi crescendo pouco a pouco. Levei cerca de quatro anos em uma busca interminável até chegar ao ponto de ter que ir para a Itália finalizar um processo de reconhecimento de minha cidadania. Não imaginava um país como o que encontrei. Nem país, nem povo, nem língua. A oficial claro, porque ali se falam tantas e tantas outras, os dialetos regionais. Aos poucos fui entendendo o significado das palavras, entrei em uma escola de alfabetização para estrangeiros e de repente me via criança estudando e aprendendo uma língua falada e escrita por todos ao meu redor.  Pintei então mais um pontinho verde, branco e vermelho na minha folha da vida. Formava agora um quadrilátero, mas parecia mais um círculo, pois eu a esta altura tinha dado além da volta ao mundo, a volta à minha infância, com as mesmas dúvidas e anseios quando se está aprendendo a língua dos outros que convivem ao nosso redor.

Não precisava mais criar outras formas geométricas, tudo o que eu precisava estava ali, naquele círculo com seus infinitos pontos e possibilidades que sempre me levava e trazia ao mesmo ponto. O ponto do descobrir e do aprender e claro, o que seria da vida se o viver não fosse isso tudo? 






sábado, agosto 29, 2020

Amou

 Amou de menos

Pra ele tudo era pouco

Muito era a vida

Vida que investia ferozmente

Que abocanhava planos e desejos

Virando as páginas sem dar o tempo

De assimilar as velozes palavras 

Borrões de sentimentos


Amou demais

Quando amar de menos era pouco

Quando a vida enganava a morte

Em passos lentos, 

Frequência do viver

Ponteiros de um relógio

Marcando sempre o mesmo horário

Pulsando o sangue entre as veias

Num tic-tac persistente

Que lhe empurrava sempre à frente



Amou sem medo

Quando viu que o mundo era finito

Quando deixou de olhar o chão

E encarou o horizonte

E quis olhar o que tinha lá

Depois das corcovas da montanha

Aquele prêmio que não se alcança

Mas se persegue

Como o final de um arco-íris


Amou de perto

Quando quis que os corpos se confundissem

Quando quis respirar a vida alheia

E entregar o sopro de sua própria

Quando quis ludibriar as leis da física

Fazendo dois se tornar um


Amou de longe

Quando entendeu que o que importa

Quando não há posse nem espaço

Pra tanta ausência e relevância

Nem persistência tampouco esforço

Pra que aquela mesma frequência

Do tic-tac constante e etéreo

Ressoasse no universo

Do abrir ao fechar dos olhos

Um infinitésimo

Num infinito sentir


terça-feira, janeiro 02, 2018

Em busca da pureza infantil

Hoje estava pensando sobre as formas de encarar a vida. Nada melhor que um primeiro dia útil de um novo ano para repensar alguns temas que sempre vêm à tona.
Se você parar pra pensar, não existe segunda-a-sexta para uma criança. Todo dia é sábado ou domingo. A alegria de viver e o entusiasmo de compartilhar momentos com os amigos passam bem longe de qualquer rede social virtual. Na escola, em casa, na casa dos colegas, onde quer que seja, é sempre igual.
Hoje por duas vezes sou remetido a este tema, ouvindo uma canção e assistindo a um vlog de viagens e então eu te pergunto: como você curte sua vida? Curtir a vida não significa parar de trabalhar ou deixar as responsabilidades de lado como muitos pensam. Mentes retrógradas merecem realmente um posto no museu da vida.
Existe sim maneiras de viver com prazer, seja viajando ou tendo mais tempo para você e sua família, mas primeiro é muito importante nos livrarmos de amarras. Amarras digitais e reais. Colecionismo, acumulação de bens, busca por status, por likes, na grande maioria dos casos é a grande fuga da verdade, do mundo que existe lá fora. São prazeres momentâneos que nos afundam mais e mais e isso não é bacana.
Como voltar então a ser criança no que diz respeito a valorizar o simples, a sorrir verdadeiramente com pouco ou quase nada, sem que pra isso busque por likes ou expor seus brinquedos novos?
Sou um pouco viajado. Mas bem pouco pois gostaria de ser muito mais. Mas no pouco que conheço, as memórias de interagir com o mundo fora do meu universo foram as experiências que mais me marcaram e que levarei comigo na riqueza ou na pobreza, até o final de meus dias. Por isso penso que a fórmula: trabalhar, pagar contas e com  que sobrar acumular em investimentos ou em bens materiais, definitivamente não é a formula ideal para se buscar felicidade e a paz na vida. Esta que é feita de laços e relacionamentos e não de pedidos de amizade. Afinal quem realmente se importa com você dentre as centenas ou milhares de contatos de suas redes sociais? Tenho certeza que se você prestar bastante atenção, existem no máximo umas dez ou vinte pessoas. Isso sendo bem generoso.
Então pare de perder tempo. A idade avança rápido demais pra perdermos tempo com tolices e armadilhas da vida. Viva verdadeiramente! Busque conhecer novas culturas, línguas e veja o mundo por vários ângulos. Você verá que o seu, é apenas uma pontinha do todo e isso nos traz clareza. Volte a ser criança, desapegada, feliz e sorridente onde os melhores amigos são aqueles que se importam com você, sem importar sua conta bancária ou status na sociedade. Faça contatos diferenciados, únicos e que somem algo à sua vida.
Todos querem que o mundo mude, mas ninguém quer mudar.
Do parágrafo ao ponto final, quem escreve as palavras é você. Escolha bem! Sua vida vale muito mais que meras reticências...

terça-feira, março 29, 2016

(DES)sintonizando a vida



Estava hipnotizado. Ali no sofá, já sentindo um leve incômodo na lombar, exaltei no tempo. Condicionado, ouvindo aquelas conversas aleatórias de telenovela que saíam dos amplificadores da TV, retomei num lampejo a razão e a consciência me indagando perplexo: - Mas que diabos eu estava fazendo ali?
Sem dar chance ao acaso tomei apressadamente o controle-remoto em minhas mãos e num ato desesperado devolvi a mim o poder do livre-arbítrio desligando imediatamente o aparelho. Foram cinco segundos de um silêncio tão imersivo que minha alma chorou. Logo veio buzinas da rua, de condutores apressadinhos que não suportavam esperar o caminhão passar com a coleta do lixo vagarosamente à frente. Buzinas que permitiam aquelas pessoas descarregarem seu estresse e suas frustrações de qualquer maneira. Ainda ouviam-se os condutores, já mais calmos quando um som de helicóptero compôs suas notas em conjunto daquela melodia. Algum político ou celebridade chegando no Hospital Sírio-Libanês. Naquele momento, divertia-me com meu ouvido de maestro amador, separando os mais diversos sons produzidos pelo ambiente urbano, densamente povoado da região central de São Paulo. Um pouco de concentração, graças às práticas esporádicas de meditação, me ensinava a anular os indesejados. Exterminava um a um dentro de minha cabeça como se estivesse desligando intermináveis interruptores de luz de uma grande casa. Enquanto eu procurava a vida que existia escondida dentro de mim, camuflada e escondida pelas distrações do dia-a-dia, me assustei ao perceber o profundo silêncio da alma. Um estado de pureza, de paz e de percepção que faziam valores de vida misturar-se com os da morte. Para que buscava tanto aquele silêncio? Era realmente necessário apagar tudo e todos a minha volta? Ficou decidido então sintonizar novamente alguns canais. Não todos. Não queria telenovelas. Estava mais interessante focar naquele canal em que eu sentava na frente do computador expondo estes sentimentos. Perceber a importância de escolher agregar valor ao sentido da vida. E ter a disposição uma dúzia a mais de canais interessantes para poder sintonizá-los em breve.

terça-feira, agosto 18, 2015

Isso tudo não me define.



Só por hoje tive vontade de escrever sobre o momento de instabilidade política (econômica, social, ...) em que vivemos.

Há alguns meses atrás vesti minha camisa do Brasil que havia comprado para assistir à Copa do Mundo de 2014 e que na ocasião não tinha me servido para muita coisa. Achei uma boa oportunidade para fazer valer o verde-e-amarelo, sofrido e cansado,  dormente em meu interior. Apesar das chacotas e ironias provindas de amigos e conhecidos pró-PT ou anti-PSDB, eu fui assim mesmo como tantos outros amigos, conhecidos, família e desconhecidos, convicto de meus ideais, protestar por um sentimento comum, exigindo mudanças. Do jeito que o país se encontrava não havia mais condições de prever algo bom para nossa sociedade no futuro próximo e também no mais distante. Mesmo em meio a fanáticos de direita, militantes e militaristas entre outros grupos que não me identificava, eu estava lá representando algo em que acreditava. Um pouco deslocado sim, mas não acharia um lugar só meu ali, ou em lugar algum, afinal vivíamos em uma democracia. Sentia que em um Brasil polarizado como estávamos vivendo, mesmo não concordando com tudo que vi, li e escutei naquele dia, aquele era o lado certo, o que conscientemente escolhi estar.

Passado um tempo, um novo grande protesto foi marcado para acontecer em todo o país. Neste eu resolvi me ausentar. Achei que o radicalismo estava instaurado nos idealizadores do evento e aquilo tudo não me representava mais, mesmo sendo contrário às medidas recentes tomadas pelo governo federal, as falcatruas e robalheiras que apareciam aqui e acolá e ao caminho em que estávamos fadados a trilhar. Enquanto isso via meu país já não tão amado assim desmoronar. A presidente envolvida numa sucessão de erros e gafes, perdendo o respeito e a aprovação popular até mesmo ante aqueles em que tinha apoio até então incondicional. O Brasil ficava caro demais para o bolso do trabalhador comum. (eu). O dólar subia altas colinas impossibilitando pensar em viagens para fora de nossas fronteiras acabando com minhas expectativas de férias. Aqueles que me conhecem sabem quão valor eu dou às experiências adquiridas fora do país e o contato com outras culturas. Isso sempre definiu meu ser e de repente me vi podado de praticar meu refúgio, minha terapia, minha própria meditação. A água esgotava em nossas represas. A energia dobrava de valor de um mês para o outro. O desemprego subia enquanto via amigos se sujeitarem a ganhar metade do que ganhavam para poder manter uma renda. A coisa não estava mais fácil para ninguém.

Em meio a isso tudo, surgiu uma terceira grande manifestação no país. Assim como a outra, optei pela ausência. Após receber chamados de amigos e familiares para comparecer à Paulista, relutei mas acabei indo. Mais para vê-los que para protestar por algo.

Foi aí que percebi que algo estava errado com aquela realidade quando resolvi trocar uma camiseta que eu usava na ocasião, de cor vermelha, para poder ir para à Paulista. Tive medo de ser hostilizado por vestir suposta bandeira pró-PT. Tive medo das pessoas. De seu fanatismo, de sua cegueira. Já na avenida, passava incomodado entre todos pedindo licença para passar, Parecia uma horda de zumbis gritando palavras vazias, de ódio e opressão. Jovens pedindo a volta do militarismo, eles que nunca passaram por aquilo. Ódio à bandeira do PT e aos atuais governantes. Eu então perdia a total identificação por aquilo tudo e não consegui gritar um só "Fora Dilma", um só "Fora PT". Não porque goste ou sou a favor deles, pelo contrário, repudio tudo que fizeram conosco, mesmo não sendo os únicos em nossa história, mas da forma que fizeram, da forma que nos sugaram. Mas percebi que acima de tudo eu tenho valores que me foram muito bem educados. A cegueira e o fanatismo, a solução pronta vendida pela oposição que nunca existiu tampouco, não me representava jamais. Olhei para os lados, reparei bem quando percebi que ali só se via a burguesia paulistana. Somente a burguesia. Sim, aquele era um movimento de ricos. Pobre de mim! Onde é que estava a verdadeira população paulistana e brasileira, aquela que pega diariamente de duas a três horas de transporte público abarrotado pra ir ao trabalho, onde estavam aqueles que ganhavam o salário mínimo corroído pela inflação que voltara com força, onde estava aqueles que sofriam realmente com a falta de água e os que não podiam pagar a conta da energia elétrica? Não estavam lá. Eu via madames com roupa de grife batendo em panelas francesas. Eu via grupos e mais grupos de pessoas tirando selfies com amigos, com a polícia, com os carros (alegóricos). Onde eu estava? Em um protesto? Numa festa rave verde-e-amarela? Num encontro de familiares e amigos?  Eu pelo menos não vi as pessoas certas em meio a milhares de outras, aquelas que realmente estão passando dificuldades reais e não aquelas que não conseguem mais fazer compras em Miami..

Acabei de ler uma reportagem ( o qual me motivou a escrever este texto)  de um fotógrafo-jornalista que ao clicar uma encenação feita por uma atriz coberta de sangue (ketchup) em meio à bandeira brasileira, em referência à chacina ocorrida em Osasco dias antes (promovida provavelmente por policiais em resposta à traficantes), presenciou agressões àquela atriz e posteriormente à ele mesmo quando questionava as pessoas que a agredia seus motivos. Achavam que era um movimento pró-PT no meio de uma manifestação "democrática" ao ver a bandeira avermelhada de "sangue".

Neste momento eu me sinto perdido. Cidadão de um país sem representantes verdadeiros daquilo em que acredito.
Tanto os que estão no poder quanto os que almejam o poder, nenhum deles me serve. Acredito também que nenhum deles servem para o país. Qual será nosso futuro? Não sei. Apenas não tiro o pessimismo de meus pensamentos quando vejo quem está aí com a solução para nossos problemas.

"Que país é esse?" - indagava Renato enquanto Cazuza já respondia: "A burguesia fede".

E fede mesmo.



PS: A reportagem do jornalista Matheus Jose Maria está neste link:
https://medium.com/@matheusjosemaria/o-dia-em-que-me-tornaram-petista-e5faa2b4e91


quarta-feira, janeiro 21, 2015

De onde vem a profundidade do seu olhar ?


Os cabelos sujos e embaraçados balançavam pesadamente com a brisa de fim de tarde daquele verão. Ela olhava inquietamente para o nada como se aquilo a perturbasse de alguma maneira. Fumando sem tragar seu cigarro amassado como que para ganhar algum status perante a sociedade, há muito perdido por caminhos tortuosos e doloridos ela não encarava ninguém muito menos a si mesma. Me pergunto, em qual momento de sua vida aconteceu o ensejo em deixar tudo de lado e a desistir da vida a que levava. Eu só via tristeza e desespero e a completa falta de esperança. Será que estamos todos predestinados um dia a isso? O que fazer quando a alegria de viver se esvai entre os dedos de sua mão? As lutas e as conquistas já não bastam mais. Falta algo, o vazio se tornou maior a cada dia num escuro buraco sem fundo. Por um daqueles breves momentos me vi tão próximo daquela criatura que a podia chamar de espelho meu, aquele que mostrava o mais feio mas o mais verdadeiro eu.

terça-feira, fevereiro 18, 2014

É no frio que o calor vem


O vento sopra gelado em um raro momento deste angustiante verão. Suficiente para cortar a pele intangível de minha alma e trazer recordações de mais de uma década aqui guardadas. Era a Lua que eu mais gostava de sentir. Além dos raios de sol e a sombra da noite quieta, banhava-me no brilho das estrelas de seus olhos e a Lua tão presente no teu nome e nos meus pensamentos. Foram poucas as vezes em que senti tamanha força de atração. Devastadora, inquieta, em constante ebulição. Como um vento frio trazer de volta a sensação de estar aqui presente no teu lado há muito ausente, debaixo do calor luminescente que findava a escuridão? Uma ponte muito grande atravessei e um abismo maior ainda nos separa, mas sem nenhum esforço alcanço a outra margem que eu sei, não é miragem! E ali te vejo preso entre a névoa e a escuridão. É estranho recordar, reviver uma emoção que já não sinto e não percebo da mesma forma em meu coração. Por isso eu peço que se vá óh Lua crescente, cubra-se das nuvens e mingue-se bem longe de meu signo, óh Escorpião.

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Incandescência



Naquela noite saí a caminhar. Queria ver as luzes incandescentes da cidade acolhedora. As ruas de paralelepípedo que formavam ao mesmo tempo uma textura desordenada e harmônica. Caladas e dormentes, eram acordadas vez ou outra por algum coche velho que passava desafinando. Respondiam em ruídos praguejantes de "Deixe-me dormir, por favor!". Os movimentos nessa hora da madrugada eram lentos e ensaiados. A calmaria era tanta que me fazia voltar pelo menos trinta anos no passado. A cidade estava relaxada. O calor abria as janelas das casas na madugada enquanto a cidade dormia. As luzes de que tanto gostava desenhavam formas na penumbra e faziam das sombras um lugar aconchegante. Do outro lado da rua, uma pequena pracinha de bairro me chamava a atenção. Me oferecia o que precisava: um banquinho de cimento colocado lá só pra mim. Pois atravessei a rua de paralelepípedos e soltei meu corpo cansado e feliz naquele banco curtindo a solidão da cidade dormente. Sentado na primeira fila daquele teatro real, notei que podia ver uma televisão ligada de relance dentro de alguma daquelas casas de janela aberta. Tentei em vão saber o que assistiam naquelas altas horas. Desisti de olhar passando apenas a ouvir a película enquanto encarava um gato de rua soturno de orelha em pé, atento, brincando com algum inseto. Ele se divertia e eu também. Da TV vinham diálogos típicos de alguma cena brega de romance. Um homem e uma mulher faziam juras sussurradas de amor. O filme acabou, desligaram a televisão e a janela fechou. O gato assustou-se e correu para trás de mim, onde havia um parquinho para crianças escondido nas sombras da noite. Haviam outras janelas abertas além daquela, outras vidas privadas, histórias escondidas em cada um daqueles recintos. O chão tremeu quando o trem passou a menos de cem metros dali. Um trem de carga, só podia. A alta madrugada não foi feita para pessoas como eu que nela escolheu viver, no silêncio, na paz e na solidão. O gato assustou-se outra vez. Pelo trem que passou ou talvez pelo meu olhar atravessado em sua direção, já não sei. Era hora de partir. Coloquei meu chapéu, apoiei-me na bengala amiga que carregava comigo já há alguns anos e parti sem rumo novamente em busca de outra praça, outros gatos, outras janelas. O sol ainda demoraria por chegar e ainda podia desfrutar das luzes incandescentes e de suas construções imaginárias nas sombras de minha vida.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

Aprendendo a contar



Estava eu uma vez brincando de contar. Limitado em meu universo de cinco números reais e inteiros. Eram cinco dedinhos gordinhos me dando um mundo de possibilidades. Logo depois já estava craque nas duas mãos. Era o dobro, eram dez! Através deles eu sabia pedir, mais ou menos qualquer coisa que quisesse. Um, dois ou três chocolates, um beijo de papai e ainda sobravam mais dois de mamãe. Conseguia contar quantos irmãos tinha, quantos cachorros, gatos e quantas jabuticabas ou laranjas queria chupar. Foi logo depois de escorregar cês e esses de meu nome em um papel pautado na mesinha de centro da sala de casa enquanto assistia o Flash Gordon derrotar os inimigos que mamãe me ensinou a arte de escrever e porque não, de ler também. De la pra cá eu queria mais, muito mais. Queria saber contar os feijõesinhos ágil como a doméstica de casa, minha amada Tota. Queria entender os números das contas do fim do mês, queria ler as letras da máquina de escrever Olivetti de papai. e as legendas das propagandas na tevê. Já na escolinha, percebi que de certa forma os professores nos limitavam de zero a dez. Quão foi minha felicidade quando mudei de escola e as notas não mais variavam de zero a dez mas de zero a cem! Minha alegria durou pouco ao perceber que era só uma questão de vírgula que fazia o 7,5 virar 75. Era tudo a mesma coisa, uma grande mentira. Por quê eu não podia tirar um 745 ? ou um 1024 ? Seria tão mais interessante! Quando aprendi a somar balas e chicletes, ovos e galinhas, ainda achava aquilo tudo muito pouco. Me interessava mesmo era pelo tal infinito. Aquele 8 que de tanto circundar em volta de si mesmo acabava caindo e se estirava de forma cansada e magnífica. Afinal, não era fácil revolucionar tantas e tantas vezes assim para se chegar ao além. O símbolo do infinito era transcendente e me enchia os olhos! Contava os segundos no pique-esconde com os amigos da rua e depois os minutos que faltavam para começar os Trapalhões deitado no colo de meu pai aos domingos. As horas para pode sair da aula e andar de bicicleta nas ruas de terra imaginando as rodas girarem infinitas vezes como um oito deitado comigo em cima. Os dias eu contava para esperar minhas próximas viagens de fim-de-semana visitando minhas tias e primos ou esperando as provas, verdadeiras provações non-sense de que todos somos obrigados a passar tantas e tantas vezes na vida. Os meses contava esperando o aniversário e as férias de fim-de-ano e os anos, ah os anos, era uma incógnita na minha pequena grande cabeça. Existia uma nebulosidade entre a infância e a vida adulta separada por muitas espinhas e questionamentos. Talvez fosse melhor não saber contar. Talvez assim os anos não passassem, nem os dias, nem os meses nem as rugas nem os cabelos caíssem. Talvez parasse nas duas mãozinhas. Já seria mais do que suficiente para conseguir tudo o que eu queria. Mas e a curiosidade onde fica? Eu também queria saber escolher feijões, contar além de números, causos da vida, de uma vida bem vivida. Já não conto mais os cabelos que caíram nem as rugas que chegaram, mas eu conto o canto que cantei. Conto o quanto já amei. Conto quanto eu quiser contar. Contar com a beleza humana, com a sabedoria adquirida. Conto com a dor da despedida, com a saudade bem vivida. Conto com encontros, desencontros e reencontros. Conto com você e acima de tudo conto comigo, aqui bem baixinho com a força de um pensamento, quantas vezes precisar contar, o quanto vale viver, pelos lindos momentos que já tive e hei de ter. Conto com você perto de mim, um amor sem fim que foi do um ao oito e ali parou, rodando, rodando até fazer-se cair derrubando-me junto a ti no infinito do amor, lá quase na dor mas muito, muito além. Distante, suave e errante. Revolucionário.  

Por onde passo



Onde passa o preto gato pisa no branco e corre pelos jardins cintilantes.
Onde brota a planta da terra que João Inácio pisou desconcertante deslizante
Onde pinga o suor de Menelau, clima quente tropical, mato, foice e avante
Onde eu posso sorrir de te ver assim caminhando fundo no horizonte

Onde passa o vendaval, sacudindo o varal voando em roupas saltitantes
Onde o bem virou mal, bem lá no meu quintal, naquele choro agonizante
Onde se ouve o pica-pau, no matagal, terminando num rasante
Onde uma parede de cal, me clareou, minhas lembranças de infante

Quero ver a vida assim, livre de tudo e até de mim
Da liberdade do início ao fim
Pra lá que eu vou, não volto mais
Venha também viver em paz

Chove tudo! Chove o temporal.
Molha a face, me destempera, me tira o sal
Me purifica, me traz a luz ao seu final
Daquele céu iluminado que vem depois
Daquelas cores o avermelhado, o azul e o verde-mar
Pinte a minha vista o quadro mais lindo e natural
Faça sua obra-prima ao meu deleite casual
Eu paro nesse instante e dele eternizo
Todo olhar, toda visão, todo amor que ainda guardo em mim.

terça-feira, janeiro 07, 2014

Um lugar para estar só


Às vezes almejo apenas o silêncio. Solitário e eficaz, ele ali em estado bruto. Sem "esses" nem plural, sem eles nem elas nem nós. Apenas eu. Eu, meu, teu ou seu. mas único, atômico, elemental.
O desejo é tanto que quando se faz presente nem ele almejo mais, caindo no risco da contradição de ser pego no auge da cacofonia cafona. Então eu puxo a cabeça das nuvens e enterro os pés no chão passando a proferir a monotonia dos sons tântricos e então me acalmo, me aquieto e ali de olhos abertos nada mais vejo senão a mim. E então percebo que o silêncio se difere muito da mudez. Que ali dentro minha alma gritava o nome teu, dela e dos demais, inclusive o meu. Mas ria, chorava, pulava, rodopiava, tudo ao mesmo tempo. Aquele objeto do desejo primordial, tão difícil de encontrar deixava de ser lenda e passava a ser lembrança e depois miragem e depois real à medida em que ia apagando você, ele, ela e por fim eu. No limiar do inexistir, ali apareci e fiquei.

segunda-feira, janeiro 06, 2014

SP-BA-BR


Fui buscar nos bons ares de Buenos Aires um amor porteño disfarçado de Planalto Central. Aquele amor impossível, compreendido pela corrupção incorruptível e nascido nas terras do colarinho branco, de um Genuíno chapéu Carlos Gardel. Um verdadeiro tango verde-amarelo derretido, escorrendo entre meus dedos e teus anéis, sabor dulce-de-leche granizado.
Embaixo daquele sol escaldante, borbulhava o caldeirão de Mafalda em fórmulas mágicas, receitas antigas da atração. Meu triângulo não era mineiro. Ele ligava o São Paulo desvairado a mi Buenos Aires querida e esta,  já conectada à misteriosa cidade-obra Niemeyer.
A revolução dos dedos mágicos que giraram, giraram tanto que o 13 virou 14 e ali ficou esperando, aguardando, desejando. Pousou na memória, decolou na história. Acendeu a tocha olímpica que agora percorrerá milhares de quilômetros com destino à disputa dos jogos que bate tum-tum contra tum-tum, disputa acirrada e sem limites, onde se ganha-ganha e só perde quem quiser perder.

segunda-feira, julho 02, 2012

Urgência



Eu preciso escrever. Eu preciso escrever! Me dá a urgência, me torce as entranhas, o espinho pinçando minha alma inquieta. Eu preciso escrever. Eu preciso escrever! Se não escrevo começo a pintar o quadro barroco mais rebuscado, o fim do romantismo inacabado. A tinta preta infinita que vai sombreando os arredores restando apenas um foco de luz aqui e outro ali. Um anjo que chora abraçado por suas próprias asas quebradas. Um manto negro guardando o homem abaixo dele para tirar um pouco mais dessa luz que incomoda e insiste em cegar meus olhos. Coloca o vermelho, e pinta de negro! Não esquece do preto, não esquece do sangue! Não quero o amarelo, não quero o branco. Eu quero aconchego, eu quero dormir. Eu quero dormir. Só consigo acordado. Agora sei que os sonhos são feitos para viverem despertos, de outra forma nada servem senão vagas lembranças de algo que nunca foi. Quando me pego nestes momentos minha mente divaga muito além de onde deveria ir e me pergunto se eu sei o que é viver da forma como deveria ser. Por quê tanto descontentamento quando vejo pessoas felizes e realizadas, eu mesmo quando estou no transe me sinto realizado, mas ao sair dele ou entrar nele já não sei, tudo volta de uma maneira avassaladora. Minha alma grita por liberdade, por novos ares, o que me faz pensar que nós todos vivemos dopados, vivemos remediados pela vida. Quando tudo acalma está tudo certo mas e quando a turbulência chega, quem é que vai me segurar? Até hoje consegui atar-me ao que realmente está ao meu alcance. À pessoas e seus ideais. Mas são pessoas e o que são delas não é meu. Será esse meu sentimento de eterno estrangeirismo? Estou cansado de viver os outros, de me sentir os demais. Quando me procuro o que eu acho é esse eterno descontentamento que me inquieta e me confunde e que me faz ter esses momentos em que só penso em escrever, escrever, escrever...eu preciso escrever!

domingo, janeiro 08, 2012

Nada aqui dentro. Tudo aqui dentro.



Se você pensar bem no vazio, ele não é tão vazio assim. Quando o sentimos, ele vem acompanhado de uma dor. Que vem de não sei onde e estaciona como um jumento empacando o caminho.
Se sentir vazio não é ser vazio. Pelo contrário, é estar transbordando de emoções em conflito, de sinais que indicam mudança. Sentir-se vazio é estar de cabeça cheia, transbordando em lágrimas quentes pelos cantos dos olhos. Lágrimas que não tem mais espaço para serem guardadas. Sentir-se vazio, é uma necessidade de ser vazio. De tirar tudo de dentro e refazer o ambiente interno, redecorar tudo de forma diferente. Não é fácil.
Normalmente vivemos carregando certos pesos por toda uma vida, mesmo reconhecendo que eles estão ali curvando nossas costas e atrasando nossos passos.
Hoje mais uma vez me sinto vazio, mas talvez seja raiva por não conseguir fazer diferente algo que se repete há tempos.
Como é tomar decisões novas sem estragar o que se tem?  Pegar um avião e sumir pelos ares é algo tentador mas não resolve os problemas. Mas as vezes o desejo é esse mesmo: sumir. Desaparecer sem deixar rastros para trás. Recomeçar algo novo do zero. É como quando seu Windows está todo lento, travando, nada funciona direito e a única solução fosse formatar o computador, dar aquela "zerada".
Acho que preciso disso. Um novo começo. O que tenho está velho, ranzinza e desgastado.[Mas hoje, e talve só por mais alguns minutos é assim que eu me sinto: vazio.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Para que sonhar...


¨Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir¨.
Esta sábia frase dita por Steve Jobs, me faz pensar que na vida nós dependemos de nós mesmos para tomar qualquer decisão que venha interferir de alguma forma, positiva ou não, em como encaramos o nosso futuro.
O medo do novo, de sair da linha, nos deixam apáticos e previsíveis.
Se você quer mudança, mas uma mudança verdadeira em sua vida, é bom começar a pensar em como tomar conta do seu bem ais valioso, um bem que ninguém pode cuidar melhor do que você mesmo: a sua vida.
Não seja pessimista arrumando como desculpa as desculpas que os outros dão a você. Ninguém pode te impedir de ser feliz e a felicidade está ao alcance de qualquer um de nós. Os meios muitas vezes obscuros, aparecem à tona quando queremos e para isso forças que nem imaginávamos que tivéssemos surgem e nos guiam para frente, trilhando os passos de um viajante que percorre a vida de uma forma mais abrangente que um mero viver por comer. Viva para sonhar. Sonhe para viver.

domingo, julho 17, 2011

Pudera eu...

Pudera eu ter teus olhos ao encontro dos meus em tardes caídas pelo sol de fogo queimando o mar aberto em sonhos incertos que agora mesmo vivi.
Pudera eu escapar deste mundo e pular nas nuvens que teu pensamento forma as formas no céu e que aponta o dedo virando as inúmeras páginas de teu feliz contento contemplando o presente de tua luz divina dividida em infinitos pedaços preenchendo o meu desfocado olhar.
Pudera eu correr em teus campos, ensaiar os teus cantos e de entrelaçadas mãos girarmos no ar e rolarmos no chão, os sorrisos se fundem no toque dos lábios chamando a paixão.
Leão, Leãozinho que ruge baixinho acanhado do fato de ter um ursinho correndo a teu lado, a pé ou a nado, ursinho querido, querido pimpão.
No fim são palavras caídas de mim, sujando de tinta o inocente papel que agora delata o quanto te gosto e te quero um dia que jogue tuas tranças minha Rapunzel.

quarta-feira, maio 04, 2011

Existem almas femininas presas em corpos masculinos. Almas masculinas presas em corpos femininos. A minha alma é de uma criança. Ingênua, indefinida, pura. Presa a um corpo adulto atrás das grades da desilusão. Insistem em me dizer que não sou o príncipe, o Pequeno. Que minha Terra é do Sempre. O fato é que Nunca estou aqui, vivo sempre nesse planetinha que é tão meu, onde posso contemplar e  regar minha rosa e ser amigo da formiga que anda entre meus dedos e nunca me machuca. É nesse lugar que quero sempre estar e daqui nunca mais sair. Não me importo em estar sozinho pois a vida me acompanha. A beleza da rosa, das estrelas e da formiga que só eu entenderei. 

terça-feira, julho 13, 2010



São sempre flashes, memórias de alguém ou minhas mesmo de alguma outra vida ou desta esquecida. Esta vida que andava tão esquecida e que começa a despertar com uma faísca de inspiração daqui e dali ao observar os detalhes, os pormenores.
E aí que eu acordo caminhando por Paris acerca de Montmartre, um sol das 11 da manhã esquentando o que restou de montinhos de neve derretida aos cantos das paredes de tijolos seculares. A rua de paralelepípedos semi-escorregadia encontra-se cheia de transeuntes. Mulheres vestidas com longos vestidos coloridos e os homens de chapéus cores pastel observando os inúmeros artistas que demonstram suas obras de arte particulares, quadros mostrando cenas bucólicas de um século perdido margeando o rio Senna, castelos em colinas verdes e charretes passeando com suas damas desfilando a última moda da Belle Époque. Do outro lado da rua, um senhor de idade avançada toca seu violoncelo arrancando palmas de quem passa por ali. Impossível não aguardar uns minutos apreciando o irresistível som original de grandes compositores europeus e ao fundo, mesclando com as inconfundíveis badaladas da Sacre Coeur. As ruas tortuosas que levam ao Moulin Rouge me presenteia com formidável vista de uma Paris burguesa e próspera ao fundo, telhados brilhando com os restos de neve ao refletir os raios solares daquela agradável manhã. Apenas uma cena que veio a me alegrar, uma cena minha ou roubada de alguém, mas integrante da minha realidade que se fez ao imaginar os detalhes e a essência do bem-estar parisiense. Agora meu Paris.

quinta-feira, julho 08, 2010


Ontem eu era um garotinho triste, que cambaleava pelos cantos, que não sabia andar sozinho e precisava segurar na mão de alguém pra sentir um pouco do calor da vida, porque as paredes eram gélidas e o piso frio. Os pés descalços sentiam o endurecer dos nervos e a espinha que vibrava em espasmos de arrepios esporádicos. Não havia luz, sol, não havia nada só havia você, a única pessoa que podia me indicar o caminho da felicidade. Aconteceu que você um dia também resolveu partir e mais uma vez me vi sozinho percorrendo aqueles gélidos caminhos e ainda anoitecera e então eu pude perceber que só dependia de mim. Foi então que após chorar aos prantos eu peguei um galho de folhas secas caído ao chão. E mais um e mais outro e outro mais. Coloquei-os ao meu redor e construí uma cabaninha. Com uma pedra eu risquei o chão. Desenhei numa linha do tempo tudo o que eu queria ser dali ha tantos anos, minutos ou segundos. Eu me desenhava e percebia quão difícil era fazer o sorriso. Tudo saía perfeitamente representado, mas como era difícil sorrir por dentro. Como era difícil acendar a luz que me guiaria pela noite fria. Mas como tudo na vida eu sempre tinha uma escolha. Deitar e esperar os lobos na calada da noite ou lutar pela sobrevivência do ser, e foi então que peguei outra pedra e comecei a riscá-las com força. Ao mesmo tempo em que derramava as últimas lágrimas insuficientes para esquentar a minha face, eu esfregava as pedras com mais e mais força. Foi quando deu-se uma faísca e dela fez-se o fogo onde antes adormecia os galhos secos. Os lobos uivaram, já estavam próximos esperando o melhor momento para atacar, mas ao verem o fogo dispersaram-se enquanto esquentava minha alma e pegava gosto pela sobrevivência e com ela os planos de caminhar diferente, de usar o mundo à minha volta para continuar percorrendo e ver oque me esperaria após aquela colina. Aos poucos, foi voltando o espírito aventureiro, a vontade de desbravar novos caminhos e direções e quando me vi sozinho, não mais precisava de ninguém para me esquentar pois o fogo eu mesmo fazia e o mundo estava a me esperar...

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Dialética da Vida
Os ares do campo distantes daqui, o cheiro do mato, da terra, do orvalho me traz a lembrança do silêncio e o som dos passos abafados pela grama úmida após uma noite de chuva aguça os instintos e renova a essência do ser. O balançar da rede, o zumbido de abelhas e o som do trem passando ao longe, onde a vista nem alcança, escondido pela mata e pelo morro. Um túnel de pedras, a estrada de ferro, linhas paralelas que se cruzam no horizonte e ao lado, o nada e o nada e mais nada. Centrar os pensamentos numa linha que te leva em frente sem nada para dispersar pensamentos. É a vida me levando à algum lugar, escondido no infinito. Nunca chegarei lá? O que tem lá? Quem é o lá? Lá não serei mais eu. serei eu, mais o que ocorrer enhtre aqui e lá. Serei outro. É o que espero. Mas... por que espero mudar? Mudar o quê? Chegar aonde? Mesmo sem saber prefiro caminhar mas poderia parar. E se parar? Quem disse que preciso continuar? Busca insana de significados! Dialética que me persegue e me faz sair do lugar, e me empurra à frente, passo a passo que me faz pensar. mas se eu sair daqui e der uma volta ao mundo e aqui voltar. Ainda serei o mesmo? mesmo estando no mesmo lugar? O que fazemos com a história? Infinitos pontos ocupam um mesmo lugar no plano. Uns nasceram agora outros morreram aqui, outros estão à passeio, mas o tempo guarda o paralelismo das realidades de cada um de nós.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Donde estás?


Oui, das ist ein stuhl, dar-lo-ei, eres recopado y muy guapo, itadakimasu gotsosama, statue de libert, and so on and on and on and on....
Estrangeirismos. Menos ismos e mais eiros. Maneiros. Estrangeiros maneiros. Dulce magnetismo, cargas opuestas buscando lo mismo, já dizia meu amigo J. Drexler.
No país do carnaval, onde o igual praticamente inexiste, fui buscar lá longe, em minhas Pasárgadas, meu ideal de vida. Deve ser essa mistura heterogênea que às vezes me sufoca em conceitos e idéias que começam nos tons pastéis e terminam nas primárias. Deve ser esse inexplorado leque de opções, credos e religiões. A dúvida de escolher todos ou de todos escolher um. Na tempestade, a garoa. No trovão, o eco. Eu busco a neve sem-graça, o sol da meia-noite, um homem que passa, um livro esquecido, um vinho na taça um cachorro sem raça.
A fuga. Pra onde me leva? A Volta. Pra onde me traz? Me leva de volta! Me traga revolta!
Pueblo sagrado, já fico cansado desejando-te ao olhar as estrelas e da noite voltar ao passado.
Uma só vida e sete chances de viver. Melhor que sete vidas e uma chance de morrer.
Se vá, se vá, se foi !

segunda-feira, junho 30, 2008

Inquietude.
Ela move o nosso ser sempre que nossa percepção alcança nossa ignorância. A sensação de incapacidade, de urgência que nos aflige e toma seu lugar bem ali naquele assento vazio no trem que percorre os trilhos de nossas vidas. Antes só do que mal acompanhado. E quem foi que disse que a má companhia é uma companhia ruim senão com ela aprender detalhes de uma vida antes impossibilitada pela rigidez de um caráter. O bom é ser amigo do inimigo e inimigo de seu amigo, não na regra mas na exceção. às vezes é bom transgredir, desconstruir pois sempre haverá uma remodelagem da essência, esta que deverá sempre ser posta à prova para que mude, se transforme e conheça a vida em sua plenitude. Inversão de papéis. Por quê mudar é tão difícil? Não adianta virar de lado, não adianta esfregar os olhos. Quando a semente é plantada um novo e irriquieto ser nasce à aurora de um novo saber.

sexta-feira, maio 23, 2008

Foi de lá que vi


Fora desse mundo eu me sinto puxado, levado, incompreendido.
Fora desse mundo eu vejo nuvens passar por debaixo de meus pés.
Não consigo respirar.
Não preciso.
Fora desse mundo as necessidades mudam.
Ouvi dizer que ele passa por aqui as vezes, mas nunca o vi.
Talvez não tenha ainda merecido ter tal visão.
Gigantes caminham em câmera-lenta.
O vento navega como ondas agitadas de um mar distante.
O som é apenas um surdo contemplar, um murmúrio de sons pincelados de emoções fortes como o prazer de viver.
Prazer em viver.
Os pingos caem para cima e te tocam a face ao voltar esfriando a espinha com um gélido estalar.
Fora desse mundo eu caminho sem cansar.
Fora desse mundo eu vivo o meu sonhar.




segunda-feira, abril 07, 2008

A fragilidade do ser.



Somos fracos da carne e do pensar. Fracos. Basta um vento em direção oposta para os cabelos obstruirem a visão e nos desviarem da trilha. Uma derrapada quase sempre é mortal, pois os caminhos que percorremos são difíceis, íngrimes, quase sempre cheio de pedras e espinhos. O abismo entre dar um passo certo e outro em falso é preocupante. Se estamos acorrentados em alguém, a serventia ao sofrimento aumenta pois você carrega o peso em dobro e preocupação maior ainda. Se escorrega você se mata, mata o outro e ainda vai pro Inferno.
Por isso se ventar, pare e sente. Tire os cabelos de sua face. Sorria ante o perigo pois não há mais o que fazer além se responsabilizar por sua própria trilha. Não há Deus ou Diabo que vá te guiar senão seu único e próprio discernimento.

domingo, janeiro 21, 2007


Containers

Um container é algo que armazena coisas, por definição. Hoje eu estava vindo do Guarujá após um final de semana chuvoso, porém proveitoso. Estava quase dormindo sozinho no banco de trás do carro. A janela embassada, olhando as gotas escorrendo no vidro, fazendo os mais inusitados percursos de cima até embaixo. No meio do caminho elas se dividiam, se desmanchavam, encontravam-se umas com as outras formando uma porção maior de água descendo mais rapidamente etc. Desde pequeno eu fico maravilhado com essas pequenas coisas da vida, o tipo de coisa que ninguém percebe, eu to sempre lá, admirando-as. Num dado momento eu vi um depósito de containers. Era enorme, tinha de várias cores, com os vermelhos predominando. Foi só olhar aquilo que um turbilhão de imagens veio à tona em minha memória. Uma sensação estranha, que me levou de volta à infância. Não sei se era boa ou ruim, porém foi uma sensação pra lá de melancólica. Eu via aquilo e me sentia com meus 4 ou 5 anos de idade. Lembrava do meu pai, da minha mãe, das pessoas que se relacionavam comigo naquela época. De como eu gostava de ir ver o trem na estação de trem pelo menos 2 vezes por dia durante muitos anos, de quando viajava e ficava emocionado ao ver o trem passar e pedia pro meu pai acompanhar o trem para que eu pudesse ficar lá apreciando-o. Toda aquela imponência, o forte som de sua buzina anunciando sua chegada nos vilarejos, o barulho da máquina, o vapor saindo da chaminé, o cheiro de ferro queimado que ficava nos trilhos quando o mesmo passava. Tudo aquilo me fascinava de uma forma sobrenatural. Eu com meus 5 ou 6 anos era amigo de todos os funcionários da estação de trem, conseguia dar voltas de trem cargueiro, aqueles que eram guaidos por máquinas amarelinhas usados para manutenção. Lembrei de muitas pessoas que já se foram desta pra melhor e que me acompanhavam naquelas empreitadas. Tudo isso eruptou-se em menos de um segundo, apenas ao ver aqueles containers e a estrada molhada, a vegetação verde, o banco de trás e o vidro com suas gotas derradeiras.
Sim, um container também guarda coisas além de objetos, aqueles por exemplo guardavam boas memórias....

sexta-feira, novembro 10, 2006

Lisos Cabelos


Cabelos. Lisos cabelos.
Na gélida noite uma brisa noturna penetra nas frestas de minha janela e aguça o olfato trazendo das ruas odores de vidas perdidas e mundos sem vida e vidas vividas. E eu só. Parede. cama. Canto. Vultos da noite balançam e dançam de um lado pra outro. Instigam meus olhos não mais presos aqui, quando atravessam os portais de Hermes.
Cabelos. Lisos cabelos.
O vento que sopra leve, delicada eficácia ao gelar a espinha, estremecendo o corpo por inteiro torpor.
Há cinco minutos era cama, canto, parede, onde agora há alguém na penumbra que me olhando. Nada se vê além de profundos olhos azuis que me encaram como faróis numa noite nascida na superstição. Não havia ninguém, eu juro! Pela minha alma agora vendida e com ela pagarei contente, por ter aquela presença, ali ao meu lado, pertinho e cada vez mais próximo e presente! A luz que vinha das frestas iluminou a pálida face e pude ver carnudos lábios que se aproximavam dos meus exalando seu hálito de rosas vermelhas e eucalípto, enquanto seu olhar azul e ofuscante, se tornava branco e intenso, atravessando meu ser, atingindo minha alma certeiro. Fechei meu olhos e ali fiquei, acariciando aqueles cabelos. Lisos cabelos de anjo. Eram cinza dourado, mais cinza que dourado, no luuar quase branco ficavam. e eram lisos, mais lisos que um bebê. Perfumados e lisos. Naqueles cabelos, lisos cabelos perfumados adormeci.

terça-feira, agosto 22, 2006

Strawberry Ocean
Vejo-me cercado por uma branda alegria assolada por leves rajadas melancólicas, como se estivesse correndo em um mar de gelatina de morango, em direção ao horizonte avermelhado que se funde ao o pôr-do-sol. Desnudo e de cabelos longos e molhados batendo sucessivamente, ao som abafado de meus passos, de um lado e de outro em minhas costas. Um sorriso que se abre ao fechar de meus olhos ao sentir gotas de groselha caindo levemente de um firmament roxo e azulado. Indescritíveis sensações aflorando no movimento que me leva além, além e além da terra que some lentameente às minhas costas. No alto mar vermelho, seres cremosos eclodem à surperfície me recebendo e curvando-se ao explendor de um momento único e inesquecível. peixes-yummi e lemon-sea-lions oferecendo-me seu frescor e vitalidade para que a corrida não termine antes de atingir seu objetivo final: Chegar ao centro do redemoinho do ralo das laranjas e ser sugado para o centro onde só restaram as sementes e nela fundir-se à origem de tudo. Recomeçar, nascer para o novo mundo mais uma vez. Reciclar, recriar. Imaginar e sonhar. Eu.

quarta-feira, maio 19, 2004

Por enquanto, perguntas
Descontentamento. Por quê não consigo parar de pensar que alguma coisa precisa ser feita? Por quê se preocupar com as próximas gerações, com gente que não verei nem a cor e nem o cheiro, quando o desespero bate ao ver meu povo tão sofrido, sua elite tão alienada e preocupada no enaltecimento pessoal? O que me faz pensar que sou capaz de mudar algo, que sou capaz de enfrentar barreiras construídas pelo imperialismo, por todo o sistema econômico, político e social que se fundem em idéias e conceitos curvados em costas gastas, idéias que deveriam ser aprisionadas em museus para o mero comtemplamento de abertas mentes sorridentes ao verem-se livres de tal violação de direitos, de estar um passo à frente de um passado estragado pelos rótulos do consumismo externo que nos impôs costumes, gírias, comportamentos? Somos os índios de ontem e não percebemos isso. Deixamos a águia hastear sua bandeira e ajoelhamos à um deus que não é nosso, glorificamos a história de um mundo estranho. Quem somos além de escravos, fisgados por uma ideologia pregada em ascenções e quedas, em poder e posse, domínios e expansões? Quando não haver mais terras a conquistar, povos a subjulgar, em quem cairão os desejos da dominação humana? O que nos faz olhar além de nós mesmos, como se o além tivesse maior importância sobre quem somos, como se o onde ir significasse mais do que por onde fomos? São perguntas que não calam minha mente perturbada e que anseiam por respostas perdidas no emaranhado que se tornou a vida humada há tempos perdida.

terça-feira, maio 18, 2004

A vida, como ela é?

Um filme bobo. Um filme bom. O primeiro, "Matrix". O último, "Diários de Motocicleta". Por quê me chamam a atenção? Qual a relação entre Walter Salles e os irmãos Blablablóviski? Para mim foram grandes no sentido de despertar. A semente que em mim morava estática, se liberta e suas células tronco se especificam e reproduzem ramificando em pensamentos que questionam a verdade. Quem é a verdade? Onde mora e como chegar lá? Se a vida é um mistério e a verdade será eternamente oculta, percebo que apenas dificultamos a busca e sua superficial compreensão. Tenho medo em pensar no que nos tornamos e o que estamos por nos tornar. Ganância, poder, auto-preservação na auto-mutilação. Qual o sentido da conquista? Não há conquista sem perdas. Tira-se de um e entrega-se a outro. Conquistador e conquistado. Nunca fomos tão passivos ante tal violêncià à humanidade. Talvez aceitamos os fatos por nos vermos no papel de dominadores um dia, mesmo sabendo que as chances são incrivelmente favoráveis a sermos eternamente dominados. Quem não percebe isso também não percebe o inversão de verdades que se passa à nossa volta todos os dias. Achamos que estamos certos. Fazemos o bem? Obedecemos. Obedecer é ser bom, certo? Errado! Mas por quê pensamos assim? Somos cegos em nossas especializações. A visão do todo se perde pois ela nos cega quando vemos as atrocidades humanas dos direitos da vida serem desrespeitados e nos faz acreditar que é mais fácil culpar os desfavorecidos pelos seus crimes, pelos assassinatos por eles cometidos, pela falta de clemência, por desprezarem a moral em busca de dinheiro que coitados pensam ser a solução dos problemas, que um rouboe algumas mortes depois a vida se ajeita. Não podem ser culpadoss os cegos. Não podem ser culpados quem a vida levou à insanidade, quem a vida distorceu valores e criou moral e governo que não o nosso. Talvez para esse não haja saída. Talvez estes estejam mesmo amaldiçoados e predestinados a matar e ser morto em seu próprio desespero. Só que não podemos deixar de lado nós que ainda podemos questionar, nós que podemos lutar por um ideal utópico porém ainda ideal existente e potencialmente forte, formador de laços, de preservação de nossa raça, de nossa cultura e história. De quem mais depende o nosso povo senão de nós mesmos?
Já não posso mais pertencer à essa roda que sempre gira, me leva e traz de volta por onde começo todos os dias. Minah vida não começa e termina aqui porque todos se sentem suficientemente satisfeitos em rodopiar pela vida toda até cair, apodrecer e ser sugado pela mesma terra onde nasceu. A árvore tem raízes, meu pé não. Minhas raízes são meu povo e farei de tudo para acordá-los desse transe, pará-los de dar volta em volta de si mesmos e passada a tontura, caminhar pra um lugar diferente desse, seja rumo ao deserto ou à flresta verdejante, avante bravo e rico povo, um novo mundo os aguarda adiante.


quarta-feira, fevereiro 18, 2004

O Sonhador
Encontro-me ao meu ser. Novamente podemos caminhar juntos apos todo esse tempo separados. Um sonhador nao vive sem seus ideais, nao ve o mundo de olhos abertos mas enxerga seu caminho separado dos demais pois seu caminho eh composto de inumeras alucinacoes de seu proprio ser, de um pensar diferente, de uma introversao expandida ao extrovertido mundo que o rodeia.. e o percebe... e o acolhe. O sonhador quer ser notado, mas eh incompreendido ou gosta assim de o ser afim de sentir liberdade para buscar novos caminhos, para contestar o certo e trazer novas verdades e pontos de vista. Uma coisa eh verdade: o sonhador soh eh feliz em sua busca e soh com ela encontra a uniao necessaria para dar forcas para continuar caminhando e buscando novos conceitos de vida e aprendizagem. Assim como os cientistas, o sonhador vive de experiencias que as vezes dao certos mas muitas vezes nao. A diferenca eh que o experimento nunca termina, mesmo quando bem sucedido.
Mais uma vez encontro um atalho a minha felicidade. Mais um. Todos porem direcionam-se ao mesmo destino, ainda turvo aos olhos porem claro ao saber da razao. Eh na arte que expresso o mundo meu e seu. meus olhos querem mostrar o que veem, por isso busco a expressao de me expressar. Por enquanto, o palco eh o que mais me aproxima de meus ideais.

sábado, janeiro 17, 2004

Te amar seria...
O amor não tem esconderijo, não escolhe formas nem pessoas, não se intimida em se mostrar presente, sempre vem arrebatando qualquer outro sentimento fazendo-os parecer tão insignificantes perto da grandeza do que é sentir algo por alguém. Te dá forças além de suas extremidades, coragem para ser o mais tolo dos homens, desejos para serem intensamente compartilhados e vividos. Ele passa a habitar a maioria de seus pensamentos, passa a tomar conta de muitos de seus gestos, a controlar a sua vida de forma tão inesperada, e mesmo a falta de um certo controle em seus próprios atos te deixa tão...vivo! Seria como ser livre ao prender-se em devaneios apaixonados, em sonhos oriundos dos desejos mais profundos da alma doente esperando a cura por um único beijo apaixonado, aquele breve momento que te leva à realidade dos bem-aventurados onde apenas o toque e uma leve troca de fluidos faz-se um terremoto interno e um oceano de incertezas e dúvidas que ali se concretizam na única certeza de estar apaixonado e de ter o amor como parente mais próximo e confiável, uma súbita amnésia dos problemas da vida e infinita e intensa jovialidade de um breve porém eterno momento encrustado na sagrada pedra com letras de sangue apaixonado derramado por nossos corações machucados ao tentar um só se tornar.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Debaixo dos Caracóis de Teus Cabelos...
De tempos em tempos o Redentor me recebe de braços abertos na cidade maravilhosa e sempre deixa suas marcas na saudade e no apego que parece insistir numa ressaca que puxa em todas as direções trazendo-me de volta a seu encontro caloroso.
Mais que uma cidade, que uma paisagem de céu azul e águas verdes, maior que imensas rochas e mais alto que os braços de seus abraços encontrei alguém à altura de meus sonhos mais belos, doces e únicos; mais fofos que as mais altas nuvens de algodão que acredito estar nos céus, prontas para abrigar nosso encontro sob o luar de verão. Um toque de mão, um outro de olhar. O riso no riso sentindo te amar mexendo nos cachos de lindos cabelos opondo-se à pele de tão lisa face de alva brancura, reflexo angelical, tão lindo, tão pouco quando vejo por dentro e descubro a doçura que amarga o mel, real formosura celeste moldura que enquadra minha vista aos olhos fechados abertos apenas a tua presença, tremenda tormenta que abala meu ser só de pensar em estar nos seus braços, abraços de braços de toque de luar como o Cristo que é visto de qualquer lugar bastando pra cima lançar um olhar te vejo de cima, debaixo, de dentro, de olhos abertos e contra o vento e mesmo fechados consigo te ver alguém no infinito, não posso esquecer.

terça-feira, dezembro 23, 2003

Disse-me a nuvem cinza...
Formas no horizonte se fazem na desfiguração de densas nuvens que anunciam um novo tempo. Abrem espaço à imaginação de um ser perdido entre tantas responsabilidades e informações pertinentes à um mundo regrado e preso à seus próprios atos. Um tempo muito pequeno que vai desmoronando e aumentando a brecha temporal que remete o jovem ao mundo cinza e distante, verde apagado entre trovões e sopros desordenados de ventos oriundos de deuses persistentes no olhar de seus pequenos. Um lugar onde os negros lobos correm nos pastos de ovelhas vingativas e rancorosas. Os lobos temerosos e afungentados por uma inversão da natureza. Um utópico paraíso onde os fracos são os fortes e os fortes, subjulgados à extinção e caçados até as profundezas do abismo enevoado que tenta delimitar esta aberração das leis naturais. Está tudo ali nas nuvens cinzas que me abraçam e contam suas histórias através de suas fomas, sempre tidas como livros abertos de histórias infinitas aos diferentes olhos, porém sua profundidade perde-se no tempo ao passo em que suas figuras afogam-se no dilúvio de palavras que se desmancham, saciam nossa sede e tira-nos o sonho com um gélido desaguar nas espinhas dorsais que gritam a realidade um tanto sufocada por este momento de delírio acordado.

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Desritmado
Tem dias e dias. Em alguns nos encontramos em estado eufórico. Nosso corpo trabalha com percepções esponâneas e sinapses aceleradas; em outros, os acontecimentos parecem vir todos em câmera lenta, quando pensamos em agir, antes mesmo dos impulsos tomarem conta de nossas articulações, outros agem por nós ou perdemos o fio da meada, como quando deixamos a taça de cristal escorregar por entre nossos dedos e vemos aquele objeto reluzente caindo e adivinhando todo o estardalhaço que precede a profecia. O mais engraçado é tentar ser rápido quando estamos lentos, ou lentos quando estamos rápido. Tentar impor um ritmo diferente às nossas vidas é sempre um passo à mudança.Não precisamos ver o mundo com os olhos de cada dia. Podemos ver com os olhos de ontem ou mesmo de amanhã e ainda assim continuamos a ver o hoje, porém por uma nova janela antes escondida e agora se faz aberta e iluminada. Quer uma ajuda? esute uma música e tente entrar no ritmo dela você mesmo, não importa seu estado interior. Aja e faça da sua ação externa um motivo interior para uma mudanç interna.

terça-feira, dezembro 02, 2003

Nabucodonosor
Não sei o que tenho com esse nome, mas ele me persegue desde pequeno. Sabe quando você pára pra pensar de onde é isso ou aquilo? NABUCODONOSOR é um nome que sempre vem à tona e nunca sei de onde é. Nunca tem alguém que saiba também por perto e nunca me dei ao luxo de procurar. Pois bem, hoje a pergunta se fez novamente em minha mente num momento ocioso e finalmente procurei um significado pra ele outro aquém da nave da ficção do Universo Matrix. Então aqui vai:

Ele conquistou várias nações, administrou um riquíssimo império, e construiu uma das mais belas cidades do mundo. Durante mais de 40 anos, como rei da Babilônia, Nabucodonosor conseguiu muito. Mas, um dia, ele foi humilhado por três judeus fiéis.
Nabucodonosor é conhecido pelos elaborados templos pagãos que ele construiu em Babi-lônia. Não é surpresa que um rei tão completo convidasse todos os funcionários do seu governo para testemunharem a dedicação da impres-sionante imagem de ouro que ele erigiu. Quando olhava com orgulho para a imagem de 27 metros de altura, ele ordenou que todos os presentes se curvassem para adorá-la.
Quando o rei ouviu dizer que três homens tinham desobedecido frontal-mente sua ordem, enfureceu-se. Ele lhes deu uma segunda oportunidade, mas eles ainda não se curvaram à imagem. Quando Nabucodonosor se enfureceu, eles calma-mente replicaram que, quer Deus os salvasse, quer não, eles não serviriam ao falso deus. O rei desafiou a sua fé: "E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?" (Daniel 3:15).
Deus revidou ao desafio de Nabucodonosor com uma demonstração inesquecível do poder Divino que humilhou o poderoso rei da Babilônia. Soldados atiraram os três judeus desobedientes numa fornalha que estava tão quente que esses soldados morreram quando se aproximaram do fogo. Mas, quando Nabuco-donosor olhou na fornalha, viu quatro homens: os três que tinha condenado e um enviado por Deus para proteger estes servos fiéis. Quando Sad-raque, Mesaque e Abede-Nego saíram da fornalha, Nabucodonosor percebeu que Deus tinha respondido ao seu desafio. Ele ordenou que o nome de Jeová fosse respeitado em seu reino, e percebeu que Deus tinha respondido a sua pergunta: ". . . porque não há outro Deus que possa livrar como este" (Daniel 3:29).
O pecado tenta apoderar-se de nossas vidas e nos desafia como Nabucodonosor desafiou os servos de Deus. Quem pode libertar-nos? Só há uma resposta certa (Atos 4:12).




segunda-feira, dezembro 01, 2003

Heróis da resistência
Milhares (senão milhões) de páginas de HQs de super-heróis depois, eu me pergunto: o que é ser herói? Com certeza não vou estar andando no meio da madrugada numa rua deserta de São Paulo e algum extra-terrestre azul me abordará entregando-me algum anel do poder verde ou também não sobreviverei se por um acaso for atingido por um raio no meio de um laboratório entre vários experimentos químicos. Se ficar cego com certeza não desenvolverei meus outros sentidos ao ponto deles evoluírem de maneira sobre-humana e por aí vai... Mas mesmo sem ser "abençoado ou amaldiçoado" por poderes da imaginação do homem, mesmo sem nada de extraordinário, como podemos nós sermos heróis nos dias de hoje? Existem diversos valores que contróem o caráter da humanidade e que se seguidos apenas um infinitésimo deles poderíamos todos tornarmos grandes personalidades. A VERDADE às vezes custa em ser verdadeira, o AMOR nunca passa de um pensamento passageiro, a JUSTIÇA é pregada apenas em discursos vagos e ineficazes, a HONRA dá lugar ao conjunto, à moral que muitas vezes desrespeita um valor individual, ser LEAL quando é mais fácil passar por cima das pessoas mesmo em pequenos atos só para conseguirmos certos prestígios,... São tantos significados que se perdem em função do lado cômodo da vida que deixamos de ser heróis por inexperiência de vida, por infantilidade mal-desenvolvida, por falta de pensamento. Por falta de entendimento. Entender os atos, medir consequências é crescer. Não se pode viver uma vida inteira de desculpas. Seja seu herói agindo com RESPEITO à vida tua e dos outros. Respeito.

quinta-feira, novembro 13, 2003

Turning grey again
Do azul ao cinza, o mundo torna-se monocromático com a sua recente presença numa inusitada visita. Entre a negritude em que você se esconde atrás da pálida face existem os olhos azuis que também se tornam cinzas segundo a natureza do corvo que em você reside. Escuto sua voz cahamando meu nome num ecoar entre os ventos uivantes e começo a correr, correr, correr até que eu paro. Eu sei que é tarde e estou sozinho. Coloco meu casaco preto, minhas botas pesadas indicando o pesar de meu caminho, minha corrente metálica tenta acender a escuridão em que me contenho mas apenas demonstra um reflexo apagado entre as gélidas gotas que caem desordenadas pelo forte vento das nuvens que tomam conta do horizonte e que faz do dia uma noite em prantos. A morte pode vir de várias maneiras e no céu acinzentado ela se mostra na lembrança de nossos sentimentos mortos que às vezes como mortos-vivos levantam-se da tumba esquecida. Assim eu paro em frente aos túmulos de nosso cemitério pedindo aos espíritos da escuridão que te leve e te acorrente ao teu destino. Naquele túmulo decadente eu peço a paz entregando em troca meu coraçao dilacerado por tua fatal sombra que impede o conhecer da luz, que me traz o cinza quando finalmente vejo o azul. Ainda quero conhecer o azul mas por enquanto fico com a lembrança apenas do azul dos olhos teus e nada mais.

terça-feira, novembro 11, 2003

Lembra deste?
(Part Two)
Atendendo à pedidos:
Lembro que o filme passava bastante no SBT, na antiga Sessão das Dez. Na primeira vez que eu vi, fiquei com medo. Me assustei de verdade, pois era pequeno. Devia ter no máximo 10 anos. Depois, com as incessantes reprises, comecei a achá-lo engraçado. De fato, com os avanços tecnológicos do cinema, o filme acabou se tornando totalmente "trash". E não deixa de ser um clássico na categoria.

O filme, de 1985, originalmente chama-se - The Stuff - e foi dirigido por Larry Cohen, autor de outros filmes de terror. Em resumo, o filme conta a história de um produto que se tornou imensamente popular nos Estados Unidos, mas que possui uma fórmula secreta. Misteriosamente, as pessoas que degustam a iguaria, depois de um tempo, se transformam em zumbis e morrem. Muito trash!

Desde o começo, o filme demonstra sinais de cinema tipo "B". A primeira cena mostra como a "coisa" foi descoberta. Ela surge de uma ruptura do chão. O líquido cor-de-rosa é estranho, brota do nada e chama a atenção de um homem que passa pelo local, dentro de uma fábrica antiga.

segunda-feira, novembro 10, 2003

Lembra deste?
(Part One)
Nick Hauser (Mones) é o chefe de uma perigosa turma de delinqüentes juvenis que, junto de sua bela namorada, Frankie (Richards), começa a hostilizar Morgan Hiller (Spader), um jovem recém-chegado à cidade. Mas a garota acaba se apaixonando pelo forasteiro, o que vai acabar desencadeando um confronto mortal entre os dois rapazes. Confronto este que envolverá muitas outras pessoas e provocará muita violência.
(Tuff Turf) - EUA - 1985 - 113 min. - Ação/Drama
Direção: Fritz Kiersch
Com: James Spader, Kim Richards, Paul Mones, Robert Downey Jr. e outros
Bléim
Do inerte, vem o desejo. Do desejo, o pensamento. Do pensamento, a vontade. Da vontade, a idéia. Da idéia, a ação. Da ação, uma mão. De uma mão, as duas então pegam o violão. Os dedos percorrem as cordas. Descendo e subindo, tirando as notas, destoante canção. O pensar e o sentir formam a base e assim nasce a inspiração nas casas do braço de meu violão. As notas saem, expelidas entre as palavras rimadas de meu coração. Um dia, frias como a geleira e outro, quentes como o verão. Ao final tem-se uma construção. Uma música pra preencher espaços e iluminar a escuridão.

quarta-feira, novembro 05, 2003

From the very green herb falling deep into my gothic feelings
Once upon a time I met you in that square´s bar . It was wonderfull knowing you and I can´t forget it anymore. Now I know that you look to me from the stars in all the rainy nights riding your motorcycle, still feeling the water and the wind from that day, gaining speed just to reach another lonely heart as once was mine and yours. I can feel teh smoke of the green fairy filling the atmosphere around myself and your smile embracing myself again. My tears mix with drops of the cold rain just imagining how would be our lives together if we didn´t take our roads apart. I ... just loved you as i do now it again...please keep going through the stars cause one day I will ask for another galactic ride and maybe in heaven we end up our ways together.

In Memory of you, Rodrigo Rezende, gone to soon...

I've been looking so long at these pictures of you
That I almost believe that they're real
I've been living so long with my pictures of you
That I almost believe that the pictures are
All I can feel

Remembering
You standing quiet in the rain
As I ran to your heart to be near
And we kissed as the sky fell in
Holding you close
How I always held close in your fear
Remembering
You running soft through the night
You were bigger and brighter and wider than snow
And screamed at the make -believe
Screamed at the sky
And you finally found all your courage
To let it all go

Remembering
You fallen into my arms
Crying for the death of your heart
You were stone white
So delicate
Lost in the cold
You were always so lost in the dark
Remembering
You how you used to be
Slow drowned
You were angels
So much more than everything
Hold for the last time then slip away quietly
Open my eyes
But I never see anything

If only I'd thought of the right words
I could have held on to your heart
If only I'd thought of the right words
I wouldn't be breaking apart
All my pictures of you

Looking so long at these pictures of you
But I never hold on to your heart
Looking so long for the words to be true
But always just breaking apart
My pictures of you

There was nothing in the world
That I ever wanted more
Than to feel you deep in my heart
There was nothing in the world
That I ever wanted more
Than to never feel the breaking apart
All my pictures of you

terça-feira, novembro 04, 2003

Nos trilhos
Minha vida sempre foi trilhada pelas estradas de ferro paulistas. Era sagrado a visita diária à Estação Ferroviária de Osvaldo Cruz, minha cidade Natal onde convivi até meus 6 anos de idade. Meus pais tinham que me levar ao menos 2 vezes por dia pra ver o trem. Eu conhecia todos os maquinistas e chefes de estação. às vezes conseguia a incrível façanha de dar voltas nos trens cargueiros. Quando me mudei para Parapuã e fiquei até os 8 anos de idade, diariamente ia de bicicleta até a estação que ficava bem longe mas era um sacrifício merecido pois aquilo me dava muita alegria. Não conhecia nada melhor do que poder acompanhar o trem da estrada olhando da janela do carro de papai. Ir à estação e esperar o trem chegar... ficava olhando no horizonte até aparecer um pontinho vermelho. Era o trem lá longe! Que chegava sendo anunciado pelas suas constantes buzinas fortes que passavam de surdas a estonteantes. O trem chegava e ia parando até soltar muita fumaça de suas rodas. Os fiscais de passagens abaixavam as escadas as pessoas subiam e se sentavam nos bancos de couro azul. Depois passavam os fiscais picotando as passagens. Escutava o primeiro apito e o trem respondia com sua buzina. Alguns segundos depois vinha o segundo apito e o trem deixava a preguiça, apitava e começava a se locomover. Devagar ele ia indo e as pessoas correndo pra alcançar e subiam nas portas e ele ia embora deixando o cheiro caracte´rístico de ferro queimado nos ttrilhos por onde passava.... Ah trem... um dia estaremos novamente juntos. Minha vida terminará comigo conduzinhdo um trem pelos trilhos de minha vida...eu prometo.

sexta-feira, outubro 31, 2003

XALAU
estado de profunda embriaguês após intenso período de ingestão de quantidade considerável de álcool, acima do nível de absorção permitido pelo corpo humano. Desaceleração do campo visual e falhas das sinapses nervosas. Inchaço dos membros e d face, bem perceptível nas mãos, mudança do tom de voz, ruborização de todo revestimento epitelial, sensação de aumento de temperatura corpórea, transpiração anormal composta de sal, água e álcool de forma contante por todo o dia seguinte, hálito constante de álcool e aniz, gosto de cabo-de-guarda-chuvas, olhos avermelhados e lacrimejantes, vontade excessiva de consumo de H2O, bocejamentos esporádicos e visitas frequentes ao toallet.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Descanso
Novas idéias andam assombrando minha cabeça nos últimos dias. De repente surge a oportunidade de arrumar um trampo mais perto de casa e no cartão postal preferido de Sampa, a Av Paulista. Não pensei duas vezes e quando me dei conta já estava aqui ( aliás, é daqui de cima do décimo andar que estou escrevendo com uma linda visão dos prédios sentido-centro, com o famoso edificil do Banespa ao fundo e mais láááá longe ao fundo, um montanha quase que apagada pelas nuvens e é claro, pela poluição). Isso há 4 semanas. Há menos de 2 semanas surgiu a oportunidade de eu ir pra Inglaterra passar 2 meses na casa de um tio, e aqui estou novamente me preparando para mais uma mudança que aliás tem influenciado meus planos e me fazendo pensar sinceramente em estender minha estadia por 1 ano ou mais, fazer um Further Education em Artes Dramáticas por lá em uma faculdade de Manchester, que é o que eu quero mesmo pro meu futuro. Daqui 2 semanas mudo de apartamento, então mais uma loucura em quebrar contratos, fazer novo contrato, fazer mudança, etc.... loucura, loucura, loucura. Mas é muito bom ter a vida assim bem agitada. Só que às vezes cansa e você precisa parar pra respirar e dar uma relaxada...
Mas não é que meu amigo Santo Fabrício me chama pra passar o final de semana na Barra do Una em São Sebastião, uma linda praia do Litoral Norte paulista e bem calma e sossegada?
O simpático povoado de Barra do Una, de aproximadamente mil habitantes, é uma exceção no litoral norte. Nada de hordas de adolescentes fazendo de tudo para arranjar companhia, nada de emergentes querendo aparecer, nada de surfistas monopolizando as ondas. O barato em Barra do Una é outro: descansar e curtir a família ou no meu caso, os amigos!
Pô, era tudo de que eu precisava!!! Que bom! Estou contente. Partimos amanhã de noite.
Valeu Fá e obrigado pelo convite irrecusável. te adoro!
Aqui uma pequena foto do que me espera...